domingo, 16 de agosto de 2009

Once ou Apenas uma vez


Apenas Uma Vez é um daqueles conto de fadas urbanos, que você sai do cinema fazendo seu máximo para evitar entrar em contato com a vida real novamente.
- L.A. Weekly.


Acabei de assistir "Once", ou em português, "Apenas uma vez".

A primeira vez que ouvi falar deste pequeno filme foi na cerimônica do Oscar do ano passado, onde fui totalmente cativada pela apresentação pungente e tocante de Glen Hansard e Markéta Irglová cantando a linda "Falling Slowly", e comemorei com vontade quando eles levaram a estatueta de melhor canção para casa, ao invés do filme da Disney que concorria com eles. O filme logo estreiou por essas bandas, mas com agenda de faculdade, trabalho e afins, foi impossível ver. Mas logo depois, consegui emprestado o cd dos músicos ("The Swell Season"), que não era a trilha do filme, mas continha grande parte das músicas desta pequena história embalada por uma trilha composta de melodias e letras melancólicas e fortes, no melhor estilo folk rock irlandês. E logo na primeira escutada, fiquei absurdamente viciada nos timbres e no violão de Hansard e na voz suave e melódica e no piano delicioso de Markéta. O disco é uma constante em meu cd player, assim como os discos do The Frames, banda liderada por Glen (destaque para o ótimo Fitzcarraldo de 1996).

Na semana que passou eu acabei esbarrando em vários vídeos do filme no youtube e inclusive cheguei a add um deles no orkut, como um dos meus favoritos. E hoje, não mais que de repente, zapeando com o controle remoto tentando achar algo decente para ver na tv a cabo, dei de cara com o filme em sua cena inicial e só não dei pulinhos de alegria com a salvação do meu sábado, pq meu pézinho com tendinite ainda dói.

Assisti o filme com gosto, quase entrei na tela da tv com a cena maravilhosa onde os protagonistas cantam e tocam "Falling ..." em uma loja de instrumentos musicais, e apreciei cada segundo dessa pequena fábula do cotidiano contada de maneira tão singela e simples. O filme não é maravilhoso, não é algo espetacular, mas cativa exatamente pela simplicidade da história e da proposta narrativa naturalista e descomplicada. Exatamente por não ter a pretenção de ser um filme fenomenal, é que esta produção independente se torna tão sincera e bonita. É um filme honesto, como já haviam me dito. Honesto, tocante, e com uma trilha sonora simplesmente arrebatadora, composta por músicas inéditas que são de arrepiar. Eu ouso até dizer que o filme poderia ser considerado um musical - na essência do gênero, onde as músicas contam a história e revelam os personagens até mesmo melhor do que os diálogos da trama.

No filme, Hansard é um talentoso músico com o coração partido que ganha a vida com seu violão nas ruas de Dublin e ajuda o pai em uma loja de aspiradores de pó. Markéta é uma imigrante tcheca que anda pelas mesmas ruas, vendendo rosas para sustentar sua família e tem como hobby o piano. Apesar das diferenças, os dois passam dois dias conversando e criando canções, uma atrás da outra. “Os dois protagonistas estabelecem uma ligação intensa, tanto do ponto de vista artístico quanto emocional; e o grande charme do filme é que essa conexão é muito verdadeira na tela”, conta o próprio Hansard, que começou a namorar Marketa durante as filmagens, dando um toque quase hollywoodiano à história.

Reza a lenda que Once nasceu em 2005, em um concerto do The Frames em Dublin. O diretor John Carney, que já havia sido baixista da banda, encomendou a Hansard a composição de algumas canções para que, a partir delas, o roteiro fosse desenvolvido. Diversos encontros entre ambos ocorreram, resultando em 10 canções inéditas e um roteiro de 60 páginas que foi filmado em (apenas) 17 dias, com o impressionante (baixíssimo) orçamento de U$ 160 mil. “Foi um projeto entre amigos, com pouco dinheiro e muita alma”, diz o músico. “Durante a rodagem, a gente até esquecia de comer e dormir, de tão envolvidos que estávamos na criação desse filme.” (e eu achando que era só aqui com a gente q isso acontecia....)

O resto, virou e fez história. Onde passou o filme foi comentado, especialmente pela força e carisma musical da dupla de protagonistas, que chegaram até a abrir shows de Bob Dylan, tamanha a repercussão q tiveram. O filme virou um verdadeiro fênomeno do cinema independente, arremantando o prêmio do público em Sundance e o Oscar 2007 de Melhor Canção Original. As músicas do filme fizeram tanto sucesso no circuito alternativo que os dois músicos resolveram formar uma banda chamada The Swell Season e sair em turnê. “Passamos meses viajando, abrimos shows do Damien Rice (de quem Hansard é amigo) e fizemos apresentações solo nos Estados Unidos, Europa e Japão”, conta o músico.
Para mim, o comentário da L.A. Weekly diz tudo. Vou até dormir, antes que a realidade bata com força à porta e me acorde.
E para quem quiser baixar a trilha....

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

What a wonderful world....


Só para lembrar que o universo é esquizofrênico, sacana e tem humor negro...
Mas é simplesmente lindo. E é o que tem para hoje.
Vai dizer q não basta???

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Veronika decide morrer


http://www.youtube.com/watch?v=VkEITSgsqgk

Eu já havia lido em algum lugar que o filme estava sendo produzido, e lembro de na época ter ficado apavorada com o possível resultado - apesar de não ser um dos meus livros favoritos de Paulo Coelho (simmmmmmmmmmmm, eu gosto de Paulo Coelho!!), é um dos mais pertubadores do escritor, por tratar de uma temática das mais espinhosas, senão a mais espinhosa de todas: a vontade de morrer, a desistência completa e irrecusável da vida, a certeza de que simplesmente não vale mais a pena.
Mas na verdade, cometo um erro ao dizer q o livro é sobre isso, pois é absolutamente sobre o extremo oposto: a descoberta de que mesmo sem q tenhamos qquer suspeita, a sementinha da "joi de vivre" existe ali, em algum lugar. É só regar com doses de liberdade e desprendimento. Nada que um bom "foda-se mundo!" não resolva.
O segredo para se apreciar a vida é, quem diria, se livrar totalmente dela, e abraçar com vontade as incertezas e loucuras que frequentam nossa existência.

Na trama, Veronika, uma jovem bonita que teria tudo para se sentir realizada com sua existênciazinha repleta de lugares comuns, se depara com a infelicidade inevitável dos que não aceitam a mediocridade dos dias sem cor, e decide então, se matar. Simples assim, sem dramas, melodramas, sem despedidas, apenas uma aceitação simples e serena de que não vale mais a pena viver. Só que nem tudo acontece como planejado, e ao invés da morte certa, ela encontra uma cama fria de um hospital psiquiátrico, e vários personagens que, verdadeiramente pertubardos, mostrarão que a loucura, como tudo na vida, é relativa.

Por motivos muito pessoais esse livro mexeu muito comigo qdo eu o li (ou melhor, devorei) em uma noite, e a história permaneceu comigo durante várias pequenas descobertas que eu fiz nesse caminho maluco q eu venho traçando nos últimos anos. mas a tempos eu não pensava nem no livro nem em Veronika, até abrir ansiosa a minha BRAVO! deste mês e dar de cara com um anúncio de uma página com a minha eterna Buffy (simmmmmm 2 - eu adoro seriados trash sobre vampiros e outras criaturaas afins) como Veronika, e o alerta de estréia do filme para este mês. Fucei e vi os trailers, e apesar de já desgostar de cara do fato de que a trama foi transferida para new york, achei as poucas cenas q eu vi bastante fiéis ao livro. Veremos. O trailer oficial, anuncia em letras garrafais que Sarah Michele Gellar é a Buffy, quer dizer, Veronika, com a qual Paulo Coelho sempre sonhou.... Se ele diz....

Eu pessoalmente gostei mais do teaser não oficial do filme, mas acho q definitivamente vou precisar marcar presença na sala escura para ver o resultado disso tudo. Mas se tem alguma coisa que Paulo Coelho me ensinou, é que nada é por acaso.
Veremos. Afinal, o q importa, como diria Simone de Beauvoir, é "Viver sem tempos mortos"...
Nada de mediocridade. Não nesta vida.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Isabel Coixet e suas preciosidades cinematográficas


Sabe qdo uma coisa - ou várias - é tão especial para vc, q vc não se atreve a querer colocar em palavras todas as emoções que aquilo te desperta?

Alguns filmes, músicas, poemas, são assim para mim. Fortes demais para serem descritos, debatidos, falados. Essas pequenas jóias são tão íntimas, que mesmo aqui, onde eu rasgo o verbo falando dos meus sentimentos mais profundos, muitas vezes não consigo achar uma maneira sincera e sutil o bastante de compartilhá-las. Como se não fosse nunca fazer jus aos maremotos de emoções q elas nunca falham em me despertar.

Como todo mundo que me conhece sabe, eu amo cinema, e sou capaz de assistir "Encouraçado Potenkin" com a mesma gana em que devoro um saco de pipocas assistindo o novo "Harry Potter". Gosto de filmes trash de terror, de clássicos insubstituíveis (essa semana revi "O Pecado mora ao lado" com a eterna Marilyn e "Ladrão de casaca", de Hitchcock, maravilhosos como sempre!), e de boas e velhas comédias românticas, para adoçar a vida q anda meio amarga. Se alguém aqui nunca assistiu "Harry e Sally - feitos um para o outro" para espantar alguma ressaca emocional, eu recomendo!

Mas confesso que mesmo amando filmes, ando meio calejada, e anda difícil algum me emocionar de verdade. Mas quando eu acho que minha sensibilidade em relação a a sétima arte anda perdida, ou minha sensibilidade para comigo mesma anda em falta, eu recorro a duas jóias preciosas que nunca falham em lavar minha alma e renovar tudo - minha fé no cinema unusual, minha fé nas emoções humanas, e quem diria, minha fé nos próprios seres humanos e na nossa eterna capacidade de enfrentar qualquer coisa, e porque não, recomeçar.

Estes filmes são "A Vida Secreta das Palavras" e "Minha Vida Sem Mim", ambos da diretora espanhola Isabel Coixet. Ambos lidam com a dor e com a superação de maneira simples, despojada, e acima de tudo, sincera. Ambos contam com a excelente Sarah Polley como protagonista, e têm na trilha sonora e na fotografia simples e naturalista pontos fortes. E acima de tudo, ambos falam de amor, de conexões humanas, falam do impacto que podemos ter na vida dos outros. São sem sombra de dúvida, meus filmes favoritos.

Ontem, em um dia complicado, frustrante e decepcionante, decidi perder umas horas de sono e ficar até tarde assistindo "Minha Vida...",e depois de algumas lágrimas derramadas, consegui dormir leve, pensando que a vida, apesar de êfemera, depende apenas de nós mesmos para ser marcante. Que marca você gostaria de deixar na vida das pessoas que te cercam? Essa é a pergunta que fica para mim, toda vez que termino de assistir o filme. E acreditem, é uma pergunta e tanto.

"A Vida Secreta das Palavras", que talvez seja o filme que mais me impactou em todos meus 27 anos, fala da capacidade de reconstrução que o ser humano possui, fala de novos inícios, da superação de dores absurdas, e da permissão que podemos nos dar - ou negar - para sermos felizes. Fala acima de tudo, do que não precisa ser dito, mas apenas sentido. E de como essas coisas caladas podem mudar tudo. Nas palavras da diretora:

“Words –like shoals of fish- team around in our heads and crowd against our vocal chords, fighting to get out and be listened to by others. And sometimes they get lost on the journey from head to throat. This is about those lost words that wander for a long time in a limbo of silence (and misunderstandings and errors and past and pain) and then one day come pouring out, and once they start nothing can stop them.”

Depois de um ano vivendo às voltas com o não dito, eu não posso deixar de me comover profundamente com essas situações, e embora o drama dos personagens seja algo impensável para a minha realidade, a sensação de aprisionamento é familiar, muito familiar.

Hoje recomendei este filme para alguém, e decidi vir aqui falar dessas pequenas preciosidades que enriquecem minha vida. Achei que não teria o que falar, que os sentimentos que eles despertam em mim são tão profundos que não sairiam, mas quem diria.... um post gigantesco depois, aqui estou eu, como sempre!

Mas vale ainda deixar o link para um blog maravilhoso, e um texto melhor ainda sobre a diretora (q trabalha nesses dois filmes com a produção dos irmãos almodovar) e sobre essas jóias do cinema.

"... A vida secreta das palavras ... que não é só uma história de amor maravilhosa, é um filme sobre a solidão, sobrevivência, sobre a (in)capacidade de seguir em frente, porque afinal a vida continua. Continua, mas continua como? O filme é genial. Genial desde os letreiros no comecinho do filme, na formação de palavras como love, fear, life, scream, etc., em cada nome que surge na tela. Genial do começo ao fim. Isabel Coixet é a diretora dos detalhes das cenas cotidianas da vida. E te deixa tão íntimo da situação, que o filme parece estar acontecendo bem ali na casa do seu vizinho de porta, de tão próxima e familiar que ela fica, mesmo boa parte do filme acontecendo numa plataforma de petróleo em alto mar. O tempo de cada cena, o silêncio a mais que sobra e é filmado depois de um diálogo – quase constrangimentos, quase vida real. "

Leiam, assistam, vivam. Vale a pena.