domingo, 29 de março de 2009

Burman, Sorín y el cine argentino....

A tempos a expectativa em relação ao cinema latino anda rondando os ares rarefeitos da minha imaginação transbordante... Muito antes de adentrar nessa loucura insanamente satisfatória chamada Olho, a fascinação por los hermanos sempre esteve ali, meio que ressabiada, mas latente... Ressabiada, pq tudo q vem de perto, ou do lado de cá do equador, é ruim, é difícil, é conceitual, experimental, e todas aquelas outras coisas ridículas e preconceituosas q ouvimos em relação ao cinema latino americano...
Mas então, Daniel Burman surgiu em minha vida, não que ele já não existisse antes, mas seu "Ninho Vazio" resgatou minha fé na humanidade, em um final de semana conturbado e perturbado, em que forçada a ver meus piores demônios em outras vidas em 35'' (Revolutionary Road, mas sobre esse, acho q nunca vou falar aqui), eu necessitava algo que me dissesse que vidas podem não ser medíocres, amores podem ser possíveis, e mais do que isso, vidas podem ter amores, que podem durar uma vida, que mesmo com um único amor, não precisa ter nada de medíocre.

http://www.youtube.com/watch?v=hgiOwwGhwSk

Fez algum sentido? Se não, assista o filme, que talvez, tudo comece a fazer....
Mas essa seria a primeira Martha (que ao contrário da Marta de Gonzalo, carregava um "h", e nele toda a paixão, decisão e personalidade que faltava à protagonista de Whisky) a despertar uma nova e deliciosa paixão pelo cinema latino....
E existe algo melhor do que se apaixonar?
Depois, vieram Gonzalo e suas adoráveis neuroses, Marta e Jacobo e suas e relações silenciosas, frustadas e não ditas (aiai), e neste final de semana, uma imersão em novas possibillidades:
"O cachorro" de Carlos Sorín, que experiência! Sonhos resgatados (aliás, novos sonhos que surgem do nada, e dão cor a vida), um animal aparentemente impassível e feroz que só se sente acuado e pressionado, e como todos, especialmente o bicho homem - masculino, xy - ficam impotentes diante da pressão, e só conseguem afirmar sua natureza e masculinidade diante da liberdade.... A sensação de aridez diante daquelas paisagens solitárias e infinitas, como a alma humana que sente falta de algo que nem mesmo reconhece, porque nunca teve....

http://www.youtube.com/watch?v=KRnFkWDk8dc&feature=related

E saber que em pouco mais de um mês vou ter a oportunidade (me falta palavra para expressar a sensação de dádiva que essas oportunidades têm sido) de estar lado a lado com Sorín, ouvir sobre seu trabalho, vivenciar sua presença e criatividade.... Tornam tudo um pouquinho mais mágico, como todos os meus dias têm sido...
Mas o domingo, já recheado de experiências bizarras dignas de um filme surreal (pena que meus olhos não registram em película), ainda era jovem, e me ofereceu uma última surpresa, para dormir com gostinho de esperança e felicidade na boca, enquanto sonho com um beijo que a sele:
"O abraço partido", de Burman, um filme que por ser sobre um filho tentando resgatar sua relação com seu pai, poderia ser perfeito para o momento, mas que exatamente por isso, só provou que meus pequenos melodramas particulares, que não são em película, mas renderiam uma boa novela mexicana, não são realmente passíveis de compaixão e compreensão....

http://www.youtube.com/watch?v=qHvys9ERRkg

Filme perfeito, ator perfeito, timming perfeito, tudo perfeito... Burman perfeito, cinema perfeito, oportunidades perfeitas, emprego perfeito, vida perfeita. Mesmo com tanta imperfeição em mim mesma, nele, e nesse mundo cão (sem ofensas Bombom!) que nos cerca....

É. Como todas as minhas paixões, essa também só acrescentou, e provou, mais um pouquinho, que a vida não precisa ser nada medíocre.... Bom né?

Para saber mais sobre os filmes...

http://lella.wordpress.com/2009/03/02/o-ninho-vazio-el-nido-vacio/

http://corpojunto.blogspot.com/2007/03/o-cachorro.html

http://www.interfilmes.com/filme_16887_O.Abraco.Partido-(El.Abrazo.Partido.Lost.Embrace).html

quinta-feira, 19 de março de 2009

Iluminar, illuminieren, enlighten, illuminate

i.lu.mi.nar
1. lançar luz sobre.
2. retirar das trevas.
3. dar luz
4. dar brilho a













Presente e sensibilidade da Bel, com que com sua luzinha interior - e a q se acendeu em meu quarto com seu presente - iluminaram (deram brilho a) meu dia, que já tinha ares de fogos de artifício (reluzentes, mas passageiros...)


Envelheço na cidade....


Esses meus dias de aniversário (pq expectativa prévia e absorção póstuma tbem contam) foram intensos, como todos (os dias, aniversários ou não) costumam ser... Decepção, conformidade, desamor, surpresa, afeto, sorriso sincero, olhar cálido que me enxerga - e registra - melhor do que eu me vejo, presentes inesperados, sutilezas e sensibilidades de uma nova amiga... Tudo junto ao mesmo tempo agora, se misturando em uma espécie de poção mágica do amor, que mesmo que o desejo assoprado ao vento junto com as velinhas de aniversário não se realize, já vai ter funcionado.
Eis a arte dos últimos dias: me descobrir amada por tantos, mesmo sem ser amada por um.
Perfeição do universo, não?

Envelheço na Cidade
Ira!

"Mais um ano que se passa
Mais um ano sem você
Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade...
Essa vida é jogo rápido
Para mim ou prá você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer...
Juventude se abraça
Faz de tudo prá esquecer
Um feliz aniversário
Para mim ou prá você...
Feliz aniversário
Envelheço na cidade...
Feliz aniversário!..."


domingo, 15 de março de 2009

Quien es la personnage de rojo al canto de la sala?

Tudo ao mesmo tempo agora...

Engraçado aprender sobre essa 'construção' de um personagem, desde sua primeira pele, suas roupas, objetos, casa, e o universo que o resume - e quem sabe ate mesmo o encerra, enclausura, consome...

Foi inevitável começar a imaginar como seria fazer o processo reverso: desconstruir a nos mesmos e a quem nos cerca, tentando compreender quem somos - e quem não somos - através de nossas camadas, de nossas escolhas, da textura nas paredes de nossa casa, e dos tecidos com os quais envolvemos nossa alma (para aquecer, ou para esconder, depende do dia...)

Pensei nos quadros pendurados na minha parede, no azul severo de minhas cortinas, no vermelho apaixonado que toma conta de meu guarda-roupa, e me permiti perguntar por um segundo, que personagem eu seria, se descrito somente por essas camadas tão impensadas, e ao mesmo tempo, coisas que resumem o que de mais pessoal existe.


"Quien es esta personnage de rojo intenso, al canto de la sala?"

La respuesta?

La verdad, es qui ni la mente genial de Gonzalo podria criarme....

Soy yo. Y ser yo, me basta.

Por hoy de todo modo.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Pequenas preciosidades....


"E quem diria, que no escuro do dia,
encontraríamos flores, que desanuviariam a alma,
e preencheriam a vida."


Existe algo mais precioso do que quando nos deparamos com uma beleza inesperada, rosas perdidas em um canteiro mal cuidado, risadas soltas em meio a um café refeito, momentos de pura intimidade junto à pia da cozinha, jazz tocando alto, e a sensação de que não se precisa muito mais que isso para ser feliz?

Estas pequenas preciosidades, quer dizer, rosas, são do canteiro do Olho, cheio de flores e frutos q ninguém lembrava de colher, mas q eu tenho pego para alegrar um pouco mais os olhos e a vida de quem anda por lá... Anteontem, qdo fui pegá-las, voltei toda arranhada de espinhos e com a roupa cheia de picão, mas com o maior dos sorrisos no rosto...

E como não existe nada no mundo que não possa ser melhorado através de olhos sensíveis, o grande (em altura e talento) Marco Novack capturou este momento com perfeição, para lembrar que não importa a pilha de trabalho acumulado em cima da mesa, ou as nuvens cinzas q teimam em rondar lá fora (ou aqui dentro)... Basta dar dois passos além do meu quadradinho, e reparar que a beleza sempre pode estar logo ali, é preciso apenas permitir que meus olhos a vejam.... Como diria a Bel, "Marco emoldura instantes!"...


quarta-feira, 4 de março de 2009

Música gostosinha: Little Joy


A primeira vez que ouvi - ou melhor, li - a respeito do Little Joy foi em uma reportagem da Bravo! (http://bravonline.abril.com.br/conteudo/musica/musicamateria_412808.shtml), e fora o fato de ser meio esquisito começar a gostar de um novo som lendo, eu fiquei interessada, e corri atrás.
Até agora não sei bem o que me interessou, fora a busca deliciosa e contínua por alimentos frescos para meu MP3. A banda, como muitos já devem saber, reúne o baterista do Strokes, Fabrizio Moretti e Rodrigo Amarante, vocalista e guitarrista do Los Hermanos, além de Binki Shapiro, que nunca tocou em nenhuma banda brasileira, e até onde eu consegui apurar, só trazia no currículo o fato de ser a nova namorada do Moretti - q por sua vez, eu conhecia, além do Strokes, por ter sido o namorado meio brasileiro da Drew Barrymore... mas voltando a música...
Eu, que pessoalmente não sou muito fã nem dos Strokes nem do Los Hermanos, deixei que a reportagem, que por si só já era fofinha, me conquistasse: o texto mostra o projeto como uma certa resposta de Amarante e Moretti, que seriam os "n° 2" de suas bandas natais, e que teriam se arriscado em novos vôos, resultando em baladinhas otimistas e despretensiosas... Talvez tenha sido aí que eu fui conquistada: pela promessa do otimismo tão raro nas músicas melancólicas que insistem em brotar das minhas caixinhas de som...
E quando eu baixei o cd... que surpresa boa! Nada extraordinário ou incrível, mas melodias gostosinhas, agradáveis, vocais suaves e letras ótimas, que como a reportagem já prometia, tratam até de finais de relacionamento, com uma leveza que faz bem à alma...
O Little Joy esteve aqui em Curitiba em fevereiro, mas eu desligada, só fiquei sabendo no dia, e por falta de programação - e de cia.- acabei não indo... Ficou então o cd de consolo, e a vontade de compartilhar com quem goste de música bonitinha e sem pretensões de mudar o mundo! Eu gosto!

Para baixar:
http://rapidshare.com/files/205299470/Little_Joy_-_Little_Joy_-__2008.zip

terça-feira, 3 de março de 2009

Mais da tarde no museu...

Mais fotos tiradas por mim das obras de OsGêmeos e outras exposições do Museus do Olho em 26/10/2008....

O Beija-flor

Na poética da produção da dupla está o cotidiano simples, o amor, as viagens, as pescarias com o avô, os relacionamentos, as fugas e as contradições “na busca de novos caminhos”.

São Paulo 2008

“Fazemos uma crítica social e política. Em outras situações criamos um mundo paralelo, fantástico, lúdico, para poder sobreviver.”

Exposição Katalogue XXL - New Art

Geradas em computador, as imagens de Linn Olofsdotter “combinam elementos desenhos à mão com ricos esquemas de cor e textura intrincadas”.

...as fotografias do americano Niels Alpert imprimem uma atmosfera “misteriosa sobre melancólicas” paisagens industriais de Los Angeles.

Iberê Camargo

Tarde no museu...

Em outubro do ano passado, eu fiz algo que eu amo - e que havia ficado muito tempo sem fazer: passei uma tarde inteira como andarilha por entre as paredes do Museu Oscar Niemeyer, perdida entre exposições tão diferentes quanto inusitadas. Depois de me embasbacar com a intensidade de Iberê Camargo, de achar engraçadinha a mostra "Poética da Percepção" (até o Ernesto Neto me decepcionou um pouco nesta), e de viajar com as fotos e artes digitais da Katalogue XXL - New Art, o que mexeu mesmo comigo, foi a "Vertigem - OSGEMEOS", dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo - gêmeos idênticos -, 32 anos, que têm muros grafitados nos quatro cantos do planeta - EUA (Nova York, Los Angeles, São Francisco), Austrália, Alemanha, Portugal , Itália, Grécia, Espanha, China, Japão, Cuba, Chile e Argentina.

Os trabalhos da dupla, idílicos e sensíveis, mesmo com suas proporções imensas, tocam um lado lúdico de contos de fada e folclore interiorano, que não passa despercebido a qualquer um que tenha contato com suas obras. Brincando com o absurdo e com a dura realidade brasileira - talvez mais absurda do que os seres mágicos de suas telas e murais - os gêmeos nasceram do Grafite, porém "... Um olhar um pouco mais atento permite concluir que o grafite feito hoje por Otávio e Gustavo mantém poucas semelhanças com aquele que ainda dá sinais de beber da fonte dos precursores : os "manos" afro-americanos que se criaram no Bronx. Essas diferenças entre estilos costumam vir à baila na sempre revigorada polêmica "grafite x pichação". Controvérsia na qual Os Gêmeos preferem não jogar lenha. "A gente já não aguenta mais responder perguntas do tipo ´qual a diferença entre grafite e pichação?´ Isso não importa", dispara Gustavo... O nível de elaboração e a riqueza de detalhes dos murais grafitados pelos gêmeos vêm, segundo eles, de uma obsessão pela prática do desenho. Eles contam que nunca fizeram um curso. O estudo, ainda hoje, acontece em casa. "A gente sempre estudou, desde pequeno: desenho, desenho, desenho".(http://www.brpress.net/noticias.asp?cod=10057)

Brincando com o lado infantil e dreammy de cada um de nós, OsGêmeos abusam da cor e das instalações para provocar a participação do expectador - seja através de instrumentos musicais que podiam ser explorados e tocados, seja através de uma cabeça oca repleta de espelhos e música, ou simplesmente, através de quadros sobre meninos de rua em São Paulo - o que parece impossível diante da obra dos artistas, é a impassividade.


Um dos grandes destaques é a escultura móvel, ainda sem título, que tem como suporte o chassi de um fusca, com cabeça e mãos.
A cabeça possui movimento mecânico dos olhos e da boca. Para o artista, este é um objeto masculino. A escultura “deverá dialogar...

... com outro objeto feminino”, um cubo-cabeça pendurado no teto da sala expositiva...

domingo, 1 de março de 2009

Robert Doisneau


"A vida não é certamente feliz, mas resta-nos o humor, esta espécie de esconderijo onde contemos a emoção que sentimos"
(Robert Doisneau)



Comecei a fuçar mais atrás dos trabalhos de Robert Doisneau, e me deparei com um artista fascinado por fotografias de rua, por registrar o cotidiano dos parisienses como momentos singelos, fellizes, puros - mesmo que tais momentos precisassem ser fabricados, montados e reproduzidos como símbolos da felicidade simples das pessoas comuns...


"By the railings around the Luxembourg - 1953"

O mais engraçado, é que muitos se referem a Doisneau como fotojornalista, pois a ele eram atribuídas capturas sensíveis de momentos reais, do dia-a-dia da capital francesa... O fato de ele muitas vezes ter usado modelos só viria a tona mais tarde, como no caso da foto "O beijo do Hotel de Ville" (post anterior), onde as reais circunstâncias da foto só foram esclarecidas depois que um casal tentou processar Doisneau por ter tirado supostamente, a foto sem permissão, obrigando o artista a confessar que o casal apaixonado era na verdade uma dupla de atores/modelos...

“Pipi Pigeon”

E a minha favorita.....

"Musician in the rain"

Para saber mais sobre o trabalho e vida de Doisneau : http://www.robertdoisneau.com/

Amor e cachê



Série estudos (meus, claro) fotográficos - fiquem atentos, more to come!!

Um dos beijos mais célebres do século XX é o que foi imortalizado por Robert Doisneau. Uma foto de um casal apaixonado, um beijo simples, espontâneo, ali perto da Mairie de Paris.... Na fotografia de Doisneau todas as pessoas estão em movimento, mas o casal é o único elemento estático, dando a impressão que o sentimento que envolve essas duas pessoas as tira da realidade daquele instante, deixando-as, portanto, em um outro plano, como se estivessem destacadas da cena. Esta bela foto, intitulada “Le baiser de L´Hotel de Ville", data de 1950 e foi a grande responsável por imortalizar Paris como a cidade do Amor, além de constar como a mais vendida da história... O que poucos sabem, é que Doisneau usou um casal de atores/modelos (Françoise Bornet e Jacques Carteaud) para eternizar um dos maiores símbolos do amor contemporâneo... Mas o que se compra é o sonho, não é mesmo?

John Coltrane


"Não poucos medíocres julgaram poder imitar Coltrane. Ora, tocar como ele exige uma fé enorme.Coltrane era puro, generoso, gostava do mundo; seu rosto espelhava calma e franca formosura.Muitos há que tocam e agem como ele...Mas falta-lhes a mesma fé."

John Coltrane é o saxtenorista mais cultuado do jazz. Nascido em Hamlet, Carolina do Norte, e neto de um pastor evangélico, John William Coltrane cresceu em High Point e em New Jersey. Começou a carreira tocando em big bands, após a Segunda Guerra. De 1955 a 1960 fez parte do histórico quinteto-sexteto de Miles Davis, tendo participado de discos memoráveis como Cookin', Relaxin', Steamin', Workin', Milestones e Kind of Blue. Essa foi a sua primeira grande fase, musicalmente falando, embora tenha sido um período difícil em sua vida pessoal, devido a um vício em heroína adquirido no final dos anos 40. (Esse problema foi o motivo de Miles o demitir e recontratar duas vezes, em 1956 e 1957.) Enquanto estava com Davis, também fez várias gravações como sideman, e em 1957 fez sua primeira gravação como líder.

Em 1960, após deixar o conjunto de Miles, Coltrane iniciou uma nova fase, liderando um quarteto com McCoy Tyner ao piano, Jimmy Garrison ao contrabaixo e Elvin Jones à bateria, e iniciou uma ousada e inédita exploração do espaço sonoro jazzístico. Coltrane desenvolveu um estilo absolutamente próprio, onde predominavam as chamadas sheets of sound (folhas ou camadas de som), que se compunham de longas frases de notas rápidas tocadas em legato. Coltrane embarca numa redicalização da harmonia que o leva à beira do atonalidade. Também fragmenta e desconstrói os temas, deixando-os quase irreconhecíveis sob um congestionamento de frases torturadas. A produção do quarteto de Coltrane entre 1960 e 1965 é um marco na história do jazz, comparável ao quinteto de Miles. As várias, longuíssimas e impressionantes versões de Coltrane para My Favorite Things, valsa aparentemente banal de Rodgers e Hammerstein, são antológicas. Em 1965 o quarteto cria aquela que é unanimemente considerada sua obra-prima, a suíte em quatro movimentos A Love Supreme.

Embora vindo do hard bop, o Coltrane de 1955 a 1965 já podia ser considerado em certo sentido um precursor do free jazz. Porém em 1965 sua ligação com a vanguarda se torna ainda mais direta, quando se une a músicos free como o baterista Rashied Ali, os saxtenoristas Archie Shepp e Pharoah Sanders, entre outros. Sua mulher, a pianista Alice Coltrane, também o acompanha nessa nova, arrojada e curta fase. O disco Ascension é uma obra-prima desse período, já desvinculado da harmonia tonal. Bastante religioso, Coltrane imprimiu às suas obras de 1965-1967 um forte conteúdo religioso e místico. Morreu repentina e prematuramente, em 1967, aos 40 anos, de câncer no fígado. Após sua morte, uma grande quantidade de gravações inéditas foi sendo localizada e lançada, permitindo ao público avaliar melhor o quão monumental é sua obra.
(Fonte: http://www.ejazz.com.br/detalhes-artistas.asp?cd=35)

A carreira de John Coltrane pode ser dividida em várias fases, mas a última, pós-gravação de "A Love Supreme" (1964), trouxe o instrumentista catártico, visceral e incontentável. A fome insaciável do saxofonista por novos vocabulários foi crucial para produção de álbuns exemplares como 'Ascension', 'Meditation', 'Living Space', 'Sun Ship', 'Stellar Regions', 'Expression' e 'Interstellar Space'.

Meditations

Escutando "A Love Supreme" (e perdendo o fôlego a cada vez que eu escuto), comecei a ler um pouco mais sobre este despertar espiritual de um artista q descobriu Deus de uma maneira bastante singular - criado cristão, acabou descobrindo um Deus universal (na capa do disco Meditations ele diz "Eu acredito em todas as religiões") e extremamente inspirador...
Depois de estudar sobre o islamismo, budismo, hinduismo e até mesmo cabala, Coltrane acabou deixando que os ritmos dessas religiões o influenciassem, e o próprio conceito budista e hindu de que a música é a melhor das orações...
Ele disse: "Durante o ano de 1957, eu experimentei, pela graça de Deus, um despertar espiritual o qual me guiou a uma rica, abundante e produtiva vida. Em gratidão, eu humildemente pedi que me fossem dados os meios e privilégios de fazer os outros felizes através da música."
Inspirado nestas religiões orientais, ele passou a lançar músicas religiosas mais de vanguarda em "Ascension", "Om" (cuja gravação de 29 minutos do mantra hindu contém cantos de Bagavadguitá, um épico desta religião) e "Meditations".
Em 1966, um repórter no Japão perguntou a Coltrane o que ele esperava ser dali a cinco anos, ao que o músico respondeu: "Um santo."
Escutando "Meditations", é impossível não sentir - senão uma elevação quase divina - a emoção de um artista em verdadeira comunhão com seu Deus....
Neste álbum de 1965, Coltrane escreveu sobre ajudar pessoas: "...Para inspirá-los a realizar mais e mais de suas capacidades para viverem vidas significativas. Porque esse é certamente o sentido da vida."

OLÉ

Fuçando atrás de algumas opções a batucada das escolas de samba q teimava em sair da televisão, acabei esbarrando em um blog maravilhoso, cheio de arquivos legais e comentários ainda mais espirituosos, do curitibano André Ramiro (http://pistoladagua.blogspot.com/).
Lá dei de cara com o disco "Olé" de Coltrane, e eu poderia falar algo, mas o texto de Ramiro já diz tudo:
"A primeira faixa possuía quase 20 minutos e os caras foram ultra-coesos do início ao fim. Não tinha descanso. Aquilo era rock n´roll sobre sapatos de jazzistas, com temas nada virtuosos. Era sentimento atrás de sentimento, mas com clareza e maestria. A música épica não cansou, só alimentava. Ouvimos o vinil completo, mas "olé" foi a faixa que bateu de verdade. Perfeito. Simplesmente perfeito."

Curiosidade
John Coltrane, além de tudo, virou santo padroeiro da St. John Will-I-Am Coltrane African, em São Francisco.
"Você é aquilo que você escuta", diz Franzo Wayne King, fundador e pastor desta comunidade de fiéis. "Quando você escuta John Coltrane, você se torna um discípulo do sagrado."
King parece ser uma pessoa que levou Coltrane ao pé da letra. Isso aconteceu a partir do momento em que conheceu a gravação de "My favorite things" e começou a se aprofundar e apreciar o trabalho mais antigo de Coltrane na banda de Miles Davis.
Pouco depois da morte de Coltrane, King criou uma pequena congregação chamada Yardbird Temple, em alusão ao apelido de outra fera do jazz, Charlie Parker, o Bird. Naquela altura, os fiéis cultuavam Coltrane como a encarnação terrena de Deus, ao mesmo tempo considerando Parker como um equivalente a João Batista.
Essa teologia, é claro, posicionou King e seu rebanho fora dos limites do cristianismo. Ele retornou a essa esfera no início dos anos 80, quando conheceu o arcebispo da Igreja Ortodoxa Africana, cujos adeptos cultuam um Jesus Cristo negro. King fez a concessão necessária para se tornar um membro. "Rebaixamos Coltrane do posto de Deus", diz. "Mas o acordo foi que ele poderia ficar na qualidade de santo e ser o padroeiro de nossa igreja."

Para Baixar

A Love Supreme
http://rapidshare.com/files/147570376/John_Coltrane_A_Love_Supreme.rar

Meditations
http://rapidshare.com/files/147785158/John_Coltrane_Meditations.rar

Olé
http://rs239.rapidshare.com/files/120851985/Ole.rar

E para a coleção completa...
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=6244330&tid=2465803504172728501&kw=crescent+coltrane&na=1&nst=1

Fábio Góes



Estreante em carreira solo, Góes é na verdade um veterano da cena musical independente. Cantor, compositor e multiinstrumentista, passou por alguns grupos, sendo q há quase uma década atua também como produtor musical dedicado a cinema e publicidade. Seu dedo está em trilhas de obras consagradas como “Abril Despedaçado”, “Cidade de Deus” , e também nas do documentário “Pixote in Memorian”, e no premiado curta “Balada das Duas Mocinhas de Botafogo”.

Considerado um dos melhores discos da MPB lançado em 2007, "... 'Sol no Escuro' foi concebido sem pressa, durante cinco anos. Nesse período Góes pôde amadurecer suas composições e dar às gravações um sabor especial, ao produzi-las de forma honesta, tocando quase todos os instrumentos á sua maneira e cantando com a voz e a alma de quem conhece as mais sutis inflexões exigidas pelas letras e melodias que entoa. Já na primeira audição de "Sol no Escuro" se torna evidente que a experiência com cinema é determinante em seu processo criativo. O álbum é climático, intenso, não apenas pelo conteúdo das letras, descritivas e inebriantes em sua calma, como também pelas belas texturas sonoras que se revelam a cada nova audição do disco."

http://w13.easy-share.com/1239364.html

"...a cada música, aparecem climas diferentes e imagina-se clipes diferentes, como se cada música, no fundo, tivesse sido feita para um filme que só existe na cabeça de Fábio. Ou que ele queira que exista na cabeça do ouvinte..."

Melancolia made in Brazil, da melhor qualidade....

Andrew Bird


Para aqueles dias em que a gente deixa a música definir nossos humores, e escolhe - afinal é tudo uma questão de escolha - colocar um sorriso no rosto, e seguir cantarolando pela vida... Música gracinha da melhor qualidade!!

"Andrew Bird era do Squirrel Nut Zippers, grupo que fazia um tipo de Gypsy Jazz bem divertido e tinha até uma cantora que cantava como a Billie Hollyday. Era divertido, mas boa mesmo é a carreira solo que ele vem desenvolvendo! Ele toca um belo violino e faz um pop recheado das mais variadas influências. Jazz, música impressionista, Jeff Buckley, música latina, cigana, etc."

“Tocando seu violino com uma destreza deslumbrante, ele é apoiado por uma banda de três integrantes igualmente ágeis. Juntos, eles produzem tessituras de congelar imagens, tremolos de arrepiar a espinha e floreados musicais tão íntimos que você poderia encontrar um deles deixado em seu bolso dias depois… Country blues, swing, tango, Tin Pan Alley, bebop, música de matrimônios suecos, rabecada irlandesa e outras fontes são rearranjadas num pasticho de grande projeção mas inteiramente orgânico.” – Chicago Reader

"... oh the grandeur!, é de 1999 e é o trabalho de afirmação do artista.É jazz primordial. A leveza e maestria nos acordes das guitarras e nos solos do violino aliviam qualquer tensão."- http://www.badongo.com/file/9651348

O último cd é sensacional e se chama "Armchair Apocrypha", de 2007. http://rapidshare.com/files/201820451/Andrew_Bird_-_Armchair_Apocrypha__2007_.zip

Viagens internas e outras histórias...

"Dá-me poesia, e eu lhe darei o Universo"

Fernando Pessoa

Viajar! Perder países!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Welcome on board!

Olá!! Perdida entre algumas músicas tristes e um final de carnaval entediante, decidi criar um lugarzinho calmo e seguro para compartilhar aquelas pequenas bobagens que surgem do nada, e insistem em tomar forma de letras e palavras soltas ao vento... E também para falar de música, cinema, poesia, arte, e todas essas outras coisas que tornam a vida interessante... welcome on board!