terça-feira, 3 de março de 2009

Tarde no museu...

Em outubro do ano passado, eu fiz algo que eu amo - e que havia ficado muito tempo sem fazer: passei uma tarde inteira como andarilha por entre as paredes do Museu Oscar Niemeyer, perdida entre exposições tão diferentes quanto inusitadas. Depois de me embasbacar com a intensidade de Iberê Camargo, de achar engraçadinha a mostra "Poética da Percepção" (até o Ernesto Neto me decepcionou um pouco nesta), e de viajar com as fotos e artes digitais da Katalogue XXL - New Art, o que mexeu mesmo comigo, foi a "Vertigem - OSGEMEOS", dos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo - gêmeos idênticos -, 32 anos, que têm muros grafitados nos quatro cantos do planeta - EUA (Nova York, Los Angeles, São Francisco), Austrália, Alemanha, Portugal , Itália, Grécia, Espanha, China, Japão, Cuba, Chile e Argentina.

Os trabalhos da dupla, idílicos e sensíveis, mesmo com suas proporções imensas, tocam um lado lúdico de contos de fada e folclore interiorano, que não passa despercebido a qualquer um que tenha contato com suas obras. Brincando com o absurdo e com a dura realidade brasileira - talvez mais absurda do que os seres mágicos de suas telas e murais - os gêmeos nasceram do Grafite, porém "... Um olhar um pouco mais atento permite concluir que o grafite feito hoje por Otávio e Gustavo mantém poucas semelhanças com aquele que ainda dá sinais de beber da fonte dos precursores : os "manos" afro-americanos que se criaram no Bronx. Essas diferenças entre estilos costumam vir à baila na sempre revigorada polêmica "grafite x pichação". Controvérsia na qual Os Gêmeos preferem não jogar lenha. "A gente já não aguenta mais responder perguntas do tipo ´qual a diferença entre grafite e pichação?´ Isso não importa", dispara Gustavo... O nível de elaboração e a riqueza de detalhes dos murais grafitados pelos gêmeos vêm, segundo eles, de uma obsessão pela prática do desenho. Eles contam que nunca fizeram um curso. O estudo, ainda hoje, acontece em casa. "A gente sempre estudou, desde pequeno: desenho, desenho, desenho".(http://www.brpress.net/noticias.asp?cod=10057)

Brincando com o lado infantil e dreammy de cada um de nós, OsGêmeos abusam da cor e das instalações para provocar a participação do expectador - seja através de instrumentos musicais que podiam ser explorados e tocados, seja através de uma cabeça oca repleta de espelhos e música, ou simplesmente, através de quadros sobre meninos de rua em São Paulo - o que parece impossível diante da obra dos artistas, é a impassividade.


Um dos grandes destaques é a escultura móvel, ainda sem título, que tem como suporte o chassi de um fusca, com cabeça e mãos.
A cabeça possui movimento mecânico dos olhos e da boca. Para o artista, este é um objeto masculino. A escultura “deverá dialogar...

... com outro objeto feminino”, um cubo-cabeça pendurado no teto da sala expositiva...

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